sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

LITURGIA



Vinho e silêncio, a celebração de Deus em mim! 
Litúrgica em meu altar confesso a essência humana, metades que me cabem. 
Carne viciada e castigada que exaspera por escassez 
Tomba em tecidos finos vaidade e insensatez.
Alma antiga, sepulcro. Dores da Era Cristã cristalizadas.
Sombra que assombra a solidão crucificada.

Não levantes a pedra que pensas em atirar contra a tristeza,
Ambas são nossas, duras e imortais, até o fim dos tempos!
Deram-nos pensamentos, cálices, que transbordam temores,
Não os afastem! Beba-os com vossos mortos antecessores.
A salvação há de ungir as cabeças humildes e libertárias,
Dos que aceitam suas naturezas insignificantes e contrárias.

É inútil dessecar vida, como quisesse entendê-la, vísceras, lógica,
A doença é nossa, o que obviamente, nos faz seres patológicos.
Batizei minhas neuroses nas águas poéticas, o fio da doce loucura,
A coragem de enfrentar o que sou e que não sei, apenas sinto, a cura.
Desse mistério, apenas escute o amor, invisível e perfeito na voz universal,
Pois felicidade é roupa íntima, só se vê, quando se despe o traje imoral.


FONTE: FACES DO POETA
irabuscacio.blogspot.com

0 comentários:

Postar um comentário